O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, ou apenas IPCA, é um medidor oficial da inflação. Este índice é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e é usado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) como parâmetro para ajustar as metas de inflação, e pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para revisar a taxa básica de juros da economia, a famosa Selic.
O IPCA foi criado em 1979, porém apenas a partir de 2000 que o índice passou a ser utilizado como índice oficial da inflação pelo Banco Central.
Para que serve o IPCA?
Esta é a métrica da variação de preços de determinados produtos que compõem a cesta básica de consumo dos brasileiros.
O responsável por definir esta lista de produtos é o IBGE, por meio de sua Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que é o responsável por verificar o que a população tem consumido e quanto é gasto por cada um dos itens. A lista consta com itens como arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar e consultas médicas, além de muitos outros serviços e produtos que fazem parte do dia-a-dia do povo brasileiro.
Além de identificar a variação de preço destes itens, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo também mede o peso de cada um deles no orçamento das famílias brasileiras.
É importante ressaltar que, mesmo sendo um indicador oficial para identificar a oscilação de preços no mercado, o IPCA não é o único órgão que trabalha nesta área. O IGP-M também atua nesta área, e tem como foco principal, o objetivo de apontar a variação de custo de vida médio dos brasileiros que possuem uma média salarial entre 1 e 40 salários mínimos.
Como o IPCA é calculado?
Existem alguns passos para a definição de preços do IPCA, e a primeira delas é a pesquisa de preços, realizada mensalmente pelo IBGE em estabelecimentos comerciais, domicílios e concessionárias de serviços públicos. Esta pesquisa é realizada diariamente e apenas o valor à vista dos itens são levados em consideração.
Esta pesquisa é concentrada nas principais áreas urbanas do país, uma vez que realizar pesquisa de preços nos mais de 5.500 municípios do país diariamente seria inviável para o IBGE. Nestas regiões, o órgão faz o levantamento de aproximadamente 400 mil preços durante todo o mês, em cerca de 30 mil estabelecimentos. Este processo é realizado mensalmente para que haja uma comparação de aumento ou queda de preço de determinado produto.
Uma vez concluída a pesquisa de preços em cada região, estes índices são agregados e passam a compor o índice nacional. Entretanto, o cálculo que é feito para identificar o IPCA dá pesos diferentes a cada região. Logo, existem locais que pesam mais sobre o índice de inflação devido ao tamanho da sua população e à relevância econômica da região dentro do território nacional.
Quais são os produtos e serviços pesquisados pelo IPCA?
Este número varia entre 300 e 400 produtos e serviços. Além disso, a qualidade também muda. Por exemplo, itens voltados para cuidados animais e plataformas de streaming, como Netflix, Amazon Prime, HBO Max, etc, foram adicionadas ao índice, ao contrário de outros que foram eliminados da lista, como assinaturas de jornal e ternos. Alguns dos itens pesquisados pelo órgão não devem sair tão cedo, pois são de uso diário do povo brasileiro, como arroz, feijão, leite, cortes de carne, serviços estéticos como cabeleireiro e barbeiro, serviços médicos e transportes viários.
A lista é separada em sete categorias diferentes, tendo cada uma delas um percentual de participação na composição do índice de preços. Detendo um quarto do valor total do IPCA, a alimentação é a categoria que mais influencia no aumento ou redução dos produtos gerais.
Relação entre o IPCA e o salário
O IPCA é fundamental para que as pessoas entendam o seu poder de compra, podendo crescer ou diminuir ou se manter estável em relação ao mês anterior. Se o IPC sobe 5% ao longo de um ano, mas o salário de um trabalhador comum cresce apenas 3% ao ano, o seu poder de compra diminuiu, ou seja, o cidadão está empobrecendo.
Por isso, é importante que o salário mínimo cresça acima da inflação para que haja um ganho real no poder de compra de quem recebe salários ou benefícios que são diretamente ligados ao valor do salário mínimo. Caso isso não aconteça, aqueles que dependem do salário mínimo perderão o poder de compra.
O que faz o IPCA variar?
Existem diversos motivos que afetam o índice de preços. A princípio, é importante levar em consideração a lei da oferta e demanda e seu impacto sobre os preços. Em sua maioria, o produto tem um aumento de preço se a procura aumenta e a oferta deste mesmo item permanece igual ou diminui. Por outro lado, se a demanda diminui ou fica estável e a oferta de produtos cresça, é esperado que o preço deste item ou serviço diminua.
O impacto do IPCA em investimentos
O aumento do IPCA é quase sempre acompanhado do aumento da Selic, que é usada como indexadora de muitos investimentos em renda fixa, tais como Tesouro Direto, LCIs e LCAs, CDBs, CDIs e alguns fundos de investimentos de renda fixa que são atrelados diretamente à inflação. Logo, o IPCA tem impacto direto na rentabilidade destes investimentos, que se beneficiam de uma inflação crescente.
Além disso, é esperado que estes investimentos rendam mais que o IPCA, uma vez que garantirá que estejam mantendo ou ampliando o poder de compra do cidadão brasileiro.